http://can-express-yourself.blogspot.com/2011/12/gimme-freedom.html
Para que o amor perdure, é necessário que a sintonia entre os amantes mantenha-se sem nunca perder a força e, em geral, isso não ocorre pelo fato simples de que, vivos, somos movimento, mudamos constantemente, mesmo sem perceber. Sim, alguns pares mantém essa sintonia e sem que isso implique em estagnação. São os amores de muitos anos que eventualmente vemos por aí, mas o problema está no fato de que algo existir não implica em que certamente vá existir na vida de cada um de nós e, menos, para sempre. O premio da loteria existe, alguns ganham, mas nem por isso todo mundo garantidamente ganha uma vez na vida. É mais provável ganhar pequenos premios do que aquele acumulado, aliás. Por outro lado, também é certo que tsunamis também existem, mas nem por isso todo mundo fatalmente enfrentará um.
http://www.caminhodesantiago.com/walter_jorge/santo_graal/19_santo_graal_xviii.htm
Na verdade, quase sempre o que fazemos é depositar no outro a responsabilidade total pela nossa completude e felicidade e esperar que, "amando", o difícil desapareça e tudo seja maravilhoso. Além disso, como se o estado amoroso tivesse poderes mágicos, acreditamos que ele combate o envelhecimento e a morte. Ou melhor: que ele impede isso. Bem, assim como uma droga, essa sensação até dura, sim, um tempo, mas, como não está baseada na realidade e como o ser humano é bem mais do que apenas a expressão de seus desejos egoicos, ali adiante fica impossível manter a ilusão. Essa projeção inconsciente, com o tempo, invariavelmente leva qualquer relação a um desgaste, que varia da mera frustração à sensação de carregar um fardo.
http://www.dailymail.co.uk
Do ponto de vista da estabilidade, o amor simplesmente não é confiável: ele acontece ou não acontece, pode começar e pode acabar, simples assim. E é imprescindível entender que há uma diferença fundamental entre "relação" e "amor": até podemos batalhar para que a relação não se desfaça, desde que ela contenha laços para além do romance, do tesão ou da paixão, mas é bem pouco o que podemos fazer para impedir que o sentimento amoroso, em si, acabe, porque, ouço do Louco, ele tem vida própria.
Quando nossas motivações estão unicamente centradas nos caprichos do ego, e para a maioria de nós quase sempre estão, amar sem se apegar é um desafio titânico e a comoção abrupta do fim do amor, ou o aprisionamento (esse sim, às vezes, para sempre) ao sofrimento decorrente de um amor terminado é, como acontece com as drogas, o drama do fim da ilusão, pois na verdade revela nosso ser fragmentado e dependente, cujo centro da vida é depositado em algo assim volátil.
Perceber isso é ficar livre e poder voltar a voar.
Uau!!! Falou e disse!!! Rssss. Brilhante, querida Ivana!!!
ResponderExcluirBeijos
Mel
Como sempre, minha querida Ivana, um texto inteligente e muito bem redigido.
ResponderExcluirPenso que o ser humano só poderá se relacionar verdadeiramente com o outro depois que aprender a amar a si próprio, sem restrições, inseguranças ou fantasias a respeito de si mesmo. E depois deste aprendizado - se e quando ocorrer - ele perceberá que não precisa de ninguém mais para lhe dar amor, pois está muito bem consigo mesmo, não obstante, estará aberto para dá-lo e recebê-lo na mesma intensidade - se ou quando o encontro amoroso acontecer em sua vida.
Considero o que você disse a busca pelo Graal Rosa. :-)
ExcluirO final da jornada trás esse aprendizado que você muito bem descreveu, mas como é rica a estrada não?
Bjim para as duas!
Mel
Oi Mel! Obrigadíssima!
ExcluirPois é, como bem colocou a Rosa, só achando dentro é que ele estará disponível para o "fora"...rs.
Bjs, obrigada por ler!