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sábado, 31 de dezembro de 2011

POR UMA ESTRADA REAL


http://janemcmaster.wordpress.com/2011/11/16/international-day-of-tolerance/


     A coexistência totalmente pacífica entre os homens é, provavelmente, uma utopia.

     Como diria Miss Marple, a natureza humana sendo como é, a interação entre as diferenças será sempre um ideal dificilmente possível. Porém, entre o absurdamente agressivo mundo em que vivemos hoje e uma paradisíaca Atlândida fabulosa, talvez fosse mais sensato abrir mão de carregar mais areia do que pode nosso pequeno Volvo e nos empenharmos em começar pelo micro, antes de querer abraçar o macro.

     Enquanto tagarelamos sobre os maravilhosos mundos que queremos ou poderíamos criar se isto ou se aquilo, na verdade estamos apenas teorizando e só dizendo coisas.

     Por mais bonitas que sejam, palavras apenas não mudam nada.

     Com tanto blabláblá sobre lindos mundos (e sobre alguns não tão lindos, na minha opinião), o fato é que os ajustes realmente possíveis e verdadeiramente transformadores são descartados como café pequeno, pois parecem sumir diante da retumbância dos mega projetos, esotéricos ou científicos, para uma Terra perfeita.

     Noves fora, a verdade é que não se faz coisa alguma. Não onde realmente importa, isto é, dentro de nós. No fundo, todos querem um novo messias, uma solução externa, um papai que nos redima ou salve, um manual prêt-à-porter para seguir como ovelha, sem refletir, sem questionar e sem ter que concluir com autonomia.

     Um planeta melhor e uma humanidade decente acontecem unicamente, exclusivamente, pela transformação do coração e da mente em cada indivíduo, em você e em mim, no seu vizinho e no seu filho, no soldado e no cobrador de ônibus, no carteiro e no banqueiro, na professora e na prostituta, na dona de casa e na balconista, na executiva e no faxineiro.

    Seres melhores é que fazem um mundo melhor e seres melhores só o são se o forem no coração e na alma.

    Um coração genuinamente compassivo, uma mente verdadeiramente tolerante, uma disposição honesta à interação fraterna: esses são os alicerces de um ser efetivamente mais elevado. O resto será consequência.

     Do latim exvigilare, fazer vigília, veio vigilare, velare, que, em francês virou éveiller e finalmente réveiller, acordar, reanimar. Réveillon, então, é despertar e, em português, despertar é tirar do sono, sair da inércia, readquirir ânimo ou força.

     Mentalizo por esse novo ânimo, por essa nova força, por esse olhar desperto e pelo entendimento de quem somos e do que podemos ser. Rezo pela tolerância, pela aceitação das diferenças, pela sofisticação na forma de olhar para dentro e para fora, pelo amor fraterno.

     Que o Réveillon de hoje verdadeiramente nos desperte e nos reanime e que 2012 seja o ano no qual, maravilhosa e milagrosamente, cada um de nós, finalmente, avance com passos reais em direção ao seu ser mais luminar.


http://www.goldmadesimplenews.com

domingo, 20 de novembro de 2011

RAÍCES

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     Encontrei, no maravilhoso site do Clube do Tarô, um ótimo texto do experientíssimo Nei Naiff sobre a grafia correta da palavra “tarô”.
     O autor discorre e comprova os porquês de “tarô” e não “tarot”, na verdade algo que acaba soando como o óbvio que não tinhamos notado, mas só depois que alguém tão diligente explica isso com tantas minúcias.
     Mesmo percebendo tudo isso, levei uns minutos para entender porque fiquei indignada e confusa, até que algum insight me trouxe de volta uma cena muito antiga.
     Eu devia ter uns 15 anos e escrevi femenino em algum texto, o que levou uma amiga minha a gargalhar escancaradamente sem que eu entendesse patavinas, para usar uma expressão que ainda existia. Ela ria e dizia: “FeMEnino!!! Quáquáquáquá”, também para usar a gargalhada da época, que não era “kkkkk”.
     Fiquei, então, indignada e confusa, exatamente como me senti ao ler o texto do Nei. E levou um tempo até que eu percebesse que tinha escrito “feminino”, mas em espanhol (sou filha de argentinos e aprendi primeiro o espanhol, depois o português, é bom esclarecer).
     O que aumentava minha confusão é que, enquanto ela ria, vinham-me à cabeça os tantos anos escolares até aquele momento: porque será que ninguém corrigiu isso antes? Será que não calhou de eu ter escrito femenino em nenhuma redação nas aulas de português? Ou os professores relevavam por saber que eu era de família estrangeira? Nada disso fazia muito sentido. O mais provável é que eu alternasse as línguas em algumas palavras, sem perceber, escrevendo às vezes feminino e em outras femenino, e que ninguém tinha corrigido isso antes sabe-se lá porque. Percebi, então, que o mesmo tinha acontecido com a palavra “tarô”.
     A vida toda, na minha casa, nos referimos a esse baralho como Tarot, porque assim é em espanhol. E muitas vezes, embora nem sempre, escrevemos Tarot, com T maiúsculo, porque é uma forma para representar, literariamente, certa reverência. Porém, como gosto e respeito as línguas, bem como o exercício acurado do vocabulário, ainda que deteste o estudo formal da gramática, evidentemente concordo plenamente com o texto do Nei Naiff. Fiquei, no entanto, encalacrada entre essa concordância e o fato de que, ao tentar trocar todos os Tarots por mim escritos (os títulos e afins), por tarôs, simplesmente não consegui. Meu espanhol primordial fica absolutamente incomodado e não consegue submeter-se à grafia em português. Maluco, eu sei, mas assim é para mim. O melhor que posso fazer, portanto, é intitular este blog em espanhol, para justificar minimamente, ao menos no mundo virtual, porquê o meu tarô insiste em ser tarot (esperando que isso chegue até os leitores do meu livro, cujo título, "Tarot Luminar", tampouco mudarei).
     O que tudo isso me fez perceber, é que por vezes ficamos tempo demais tentando decifrar os mistérios filosóficos ou esotéricos sobre "de onde viemos" e "para onde vamos" e invariavelmente esquecemos de relembrar de onde viemos concretamente, investigação que nos dá dados fundamentais para compreender mais claramente parte do que somos e, portanto, do que vivemos no presente.