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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

2017, o ano d'A Estrela



2017, o ano d’A Estrela
Ivana Mihanovich

“No tarô Egípcio essa carta se chama, justamente, A Esperança” e no Mitológico ela conta o mito de Pandora, cuja curiosidade fez com que se espalhassem os males no mundo, mas que, por outro lado, também nos deixou a esperança. Quem mantém a esperança, na verdade tem em algo, crê absolutamente, conta com algo. Aquele que está na expectativa já vibra no aguardo do que deseja e creio que esse estado de espírito é o que pode favorecer a realização do que se espera.

Através de Joseph Campbell ouvi pela primeira vez a frase Follow your bliss, que pode ser traduzido por ‘Siga aquilo que te realiza, tua beatitude. Esse pensador brilhante também disse que, quando o fazemos, o caminho passa a fluir naturalmente. Outros estudiosos também afirmam que quando focamos coerentemente aquilo que desejamos, o Universo conspira a nosso favor. A complexidade está em realmente encontrarmos nosso bliss ou, melhor dizendo, em reconhecermos qual é ele, genuinamente. Tantas vontades confundem-se com vocações que invariavelmente nos queixamos do quanto o universo absolutamente não conspira a nosso favor, mesmo quando pensamos estar firmes na perseguição de nossos desejos. Bem, creio que vontades e desejos muitas vezes podem ser apenas frivolidades ou teimosias e então não são, absolutamente, o mesmo que vocão ou sentido natural. Assim, não traduzem automaticamente nosso bliss. Portanto, para seguir nossa ppria estrela penso ser fundamental, antes, que saibamos discernir, na bagunça mental entre o que os outros dizem que devemos querer e aquilo que pensamos desejar, o que é que verdadeiramente nos alimenta e engrandece, isto é: o que nos beatifica.”

Os excertos acima são do meu livro “Tarot Luminar – Refletindo Sob as Luzes dos Arcanos Maiores” e usei-os para abrir esta reflexão porque contém o que acho essencial para entendermos a ferramenta que 2017 nos apresenta na busca de auto integração: descobrir nossa posição em relação à conexão espiritual (para saber de que forma entendo e calculo a questão do arcano do ano e afins, veja textos meus de anos anteriores, por favor).



A Estrela é discreta e, muitas vezes, subestimada, especialmente porque ela não indica que a vida vai ser uma farra. Mas, na verdade, ela contém uma das reflexões mais essenciais da vida. Penso que em 2017 ela vai colocar à prova nosso entendimento espiritual ou filosófico sobre o viver. Outro dia comentei, num on line que dei sobre Tarô e felicidade, que Jung imaginou certos fatores geradores de felicidade e, dentre eles, estava a necessidade de termos uma linha filosófica ou religiosa que nos auxilie a lidar com as dificuldades da vida. Ainda que em seguida ele tenha percebido o paradoxo inerente, pois mesmo tendo todos esses fatores satisfatórios não haverá garantia de felicidade, a ideia permanece válida: quem tem convicções filosóficas ou religiosas tem onde se segurar, quando a razão deixa de bastar. Quem crê que tudo é um acaso ou, do outro lado, quem acredita que tudo será resultado unicamente do exercício da própria vontade fica, em qualquer dos casos, mais facilmente desencorajado, especialmente quando a vida não flui bem. Esperança, portanto, é algo que revitaliza, renova o gás.

O detalhe capcioso estará em sabermos não apenas em quê acreditamos, mas que motivações se escondem por trás disso. É momento de começarmos a lidar mais profundamente com as razões que nos fazem crer ou, ao contrário, descrer completamente. Há um fato: o mistério do existir. Por mais que a ciência se esmere, nunca alcança saber realmente a troco de que toda esta fantástica história acontece. Esse mistério faz parte de nós; sentimos instintivamente essa questão. Ainda que seja possível passar a vida toda completamente descrentes ou considerando o tema como algo irrelevante, o fato é que na hora da morte, que interessantemente chamamos de “hora da verdade”, a coisa fatalmente se apresenta. As investigações da Dra. Elizabeth Kübler-Ross bem o demonstram, por exemplo. Particularmente, eu sempre acho que o descarte absoluto dessa reflexão torna o ser mais árido e sua vida idem. Mas, evidente, cada um saberá de si, ou melhor: será convocado a saber. O arcano XVII vai facilitar o contato com o tema, sugerindo definir mais claramente quem é você diante desse mistério.

A Estrela caminha solitária e, portanto, a consciência da inexorável solidão do ser vai reverberar mais intensamente. Os que já caíram na real em 2016, acolherão a ideia com mais desenvoltura; os que insistiram em lutar contra a maré neste ano de desconstruções tenderão à desistência ou ao desalento. Assim, muitos entrarão em 2017 absolutamente desesperançados; uns poucos entenderão que a reconstrução se faz, antes, individualmente e trabalharão por isso. A Estrela espera que você descubra de que jeito se conecta com a vida: pela confiança na boa estrela ou pela crença no des-astre, a ausência de astro?



Pela cintilação da questão espiritual e da possibilidade de proteção estelar, contraposta à sua sombra, que aponta o cinismo, o ceticismo tacanho e o risco das ilusões, penso que 2017 pode recrudescer em grupos com tônica religiosa, a maior parte deles totalmente destituídos de intuito genuíno, mas que convencerão os que temem o contato com essa solidão inerente ao ser. Quem morre de medo de entender e acatar essa condição cabal do ser humano correrá para “andar de turminha”, usando como desculpa a passionalidade de causas comuns. Mas perceba: tônica religiosa não implica apenas em grupos religiosos ou místicos; era uma ilusão presente também na formação de grupos políticos como os nazistas e fascistas na década de 30, bem como nos grupos radicais de comunistas, feministas, racistas, antirracistas etc. Radicalização, busca de Judas a malhar e fanatismo fazem parte da sombra estelar. Fique atento para não entrar nessa vibração nociva.

A Estrela precederá o ano da Lua e esse, já intuo, não será bolinho, para dizer o mínimo. Mas acredito firmemente que o que fizermos de nós em 2017 vai definir muito da proteção que teremos em 2018. Acredite: há algo maior que sua vontade e que é um guia infinitamente superior, se você permitir. Encontre isso. Não precisa ser um deus, não precisa ser uma entidade; pode ser o que já se chamou de Eu Superior, pode ser a alma, pode ser simplesmente a mente bem integrada. Uma coisa é certa: o melhor guia não é (nem será) um ego absolutista, garanto.

Encontre, dentro ou fora de você, o que há para além do seu eterno “eu quero” e que te relembra que há muito mais coisas entre o Céu e a Terra do que apenas parcelar o iPhone. Acreditar absolutamente na boa estrela a estabelece pela prática. Isso não significa nunca sofrer; significa ter estímulo, amparo e orientação, nos bons e nos maus momentos. Há quem ache brega acreditar em algo espiritual. Desculpe, mas, sabe, descrer não blinda você de sofrer. Ser alguém que se considera intelectualmente superior a esses assuntos tampouco te impede de viver a dor, nem te deixa a salvo do medo ou da solidão.

Ano que vem, aprenda a frear sugestões do seu lado mais sombrio, o lado que teme, inveja, busca culpas alheias, alimenta ressentimentos antigos, quer que todo mundo se estrepe junto com você e que, no fundo, se alimenta de dor. Volte a falar com a Vida, com deus, com deuses, com seja lá o que for que você acredita que te conecta com o mistério (seu psicanalista, inclusive) e largue o osso do apego a erros e sofrimentos passados, porque isso é só autoflagelo; não absolve, não redime, não resgata. Libere, como Pandora, seus males de dentro de você e converse com a esperança que fica; ela te recolocará no caminho.

Procure entender, mas entender realmente, que o macro é feito dos micros. Sinta seu verdadeiro bliss e siga-o. Em vez de tentar convencer os outros aos seus parâmetros, apenas brilhe naquilo que é seu real talento, seu dom – e deixe que o mistério faça o resto. E saia de perto de quem confunde maliciosamente, envenena ou distrai, porque equilibrar joelho no chão e olhos no céu demanda silêncio interno.

Finalmente, reaprenda a confiar, mesmo quando lá fora tudo parece acabado ou parado.  E compreenda que a interação entre você e esse deus que é o mistério da vida projeta muito do que você vive no dia a dia. É difícil, diferente do que nos ensinam e trabalhoso, eu sei. Mas não é mágica; é equação.



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Babados







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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Sobre o tal “arcano do ano”

Texto publicado no painel sobre o arcano regente do ano, no Clube do Tarô, final de Janeiro de 2016.




Discussões acadêmicas demais me entediam, admito. Eu larguei USP e PUC por outras razões, mas é fato que ali me engalfinhei em diversos embates pela forma destituída de pessoalidade que a abordagem acadêmica esperava de mim. E, especialmente em relação a assuntos tão dificilmente comprováveis empiricamente, como é o caso do tarô, acho esse debate um tanto híbrido, mas, sem dúvida, pode render trocas interessantes. Porém, um assunto como esse nos impede a brevidade e, assim, não estou certa de que muitos tenham real desejo de ler as ideias de todos. Tentemos, porém. É a contribuição que me atrevo a dar.
Antes de tudo, penso que o embasamento formal ou intelectual é essencial na formação de um bom tarólogo, como o é na formação de qualquer profissional. No entanto, isso não pode, absolutamente, pretender ser a forma exclusiva ou definitiva de dar vereditos de leitura nos caminhos onde o Imponderável tem uma participação cuja interferência é inegável. Se Hidrogênio e Oxigênio resultam em água, é coisa que se comprova em laboratório e que se pode repetir ad nauseam, sempre com o mesmo resultado, admitindo-se ou não a presença de algo não mensurável (como psique, deuses, destino etc).





Mas se a presença da Sacerdotisa num jogo implicará em parto ou se será só uma gravidez sem garantia de ser levada a termo, ah, bem, isso dependerá de diversos outros fatores. Incluo aí os outros arcanos presentes, bem como o exercício da Filosofia e a consideração de diretrizes da Psicologia, já que o peso disso, em especial o Inconsciente, é, como disse Jung, a maior das forças (seja ela considerada ou desprezada pelo tarólogo, sinto dizer). E isso não se pode comprovar de forma cabal e muito menos analisar cientificamente, posto que seria praticamente impossível repetir os fatores e suas variáveis, bem como a psique daquele específico cliente.
Para mim, a riqueza do tarô está no fato de que seu estudo é infinito e, o mais belo, de que ele se revela para além das cartas. Inclui a mágica daquele específico momento da leitura, mas inclui também a percepção daquela exata soma entre o momento do cliente, o momento do tarólogo e a apresentação lúdica, psíquica ou espiritual das cartas. A cada leitura a Sacerdotisa apresentar-se-á diversa; seus atributos essenciais ali sempre estarão, mas suas nuances, e, portanto, suas indicações, serão determinadas pela somatória de todos esses fatores. Porém, devem, creio, ser acrescidos também da consideração ou inclusão, como fator ou possibilidade, do Invisível, dos Mistérios ou do nome que cada um queira dar ao que está fora de nosso controle. Descartar essa variável, a meu ver, torna o tarô uma ferramenta medíocre, para não dizer que simplesmente rouba-lhe a acuidade.



https://www.cartoonstock.com/directory/i/intellectual_snobbery.asp


Existirá alguma exigência de que para ser excelente o tarólogo saiba discernir entre os estudos de Eliade e de Campbell? Ou que conheça a fundo Freud, Jung, Adler, Wertheimer e a Gestalt, Skinner e o behaviorismo? Ou que estude profundamente Nietzsche, Schopenhauer, Kierkegaard, Aristóteles, Santo Agostinho? Ou que saiba citar Poe, Baudelaire, Pessoa, Cortázar, Proust ou Beauvoir? A meu ver, não. Estudar tudo isso e muito mais é algo maravilhoso e amplia mentes e horizontes, sem dúvida. Faz de você uma pessoa mais requintada (no bom sentido) e um oraculista com mais ferramentas na mão, indiscutivelmente. Mas conheci cartomantes cuja explicação para a forma como liam era totalmente destituída de coerência, para dizer o mínimo. No entanto, suas leituras eram acuradas e, mesmo simples na sua forma de abordar um assunto, retinham aquela sofisticação cristalina presente no instinto. A coisa toda acaba em que há Loucos que leem tão bem ou melhor que Eremitas, Sacerdotisas ou Papas. Talento faz parte dos Mistérios: refina-se com estudo, mas o talento, per se, é infalível e o talentoso simplesmente independe.


O Arcano do Ano

Pedem-me que apresente minha forma de ver a questão do arcano do ano. Já falei sobre isso em outras ocasiões, mas penso que seria melhor enfatizar que sou intuitiva (o que absolutamente não significa vidente, sensitiva etc, é bom lembrar) e que minha abordagem com o tarô dá-se pelo estudo formal desde 1989, mas mais, muito mais, pelas conclusões calcadas em reflexões, vivências, observações e, evidentemente, pela corroboração ou não que o feedback dos clientes tem me dado ao longo dos anos. Não descarto, claro, o fato de que minha curiosidade natural e uma família extremamente ligada ao gosto do exercício intelectual levaram-me a ler muito, mas atesto que agregou mais às minhas reflexões o que li à parte do assunto em si, do que o que li sobre tarô, simbologia ou oráculos em geral (à exceção, arrisco, do livro de Sallie Nichols, que, a meu ver, elevou a teoria do tarô em vários degraus, intelectualmente falando). O tarô é (e creio que sempre será) um campo vasto onde toda colaboração se faz necessária, mas que, antes, pede a ausência de preconceitos entre os estudiosos. Ausência essa que o próprio tema exige, ou seremos nós os que demonstraremos falta de coerência.




A soma habitual (no caso deste ano 2+0+1+6 = 9) não me satisfaz. Simples. Ponto. É a soma que a maioria dos tarólogos usa para calcular o arcano do ano e ela sempre – sempre – me pareceu ineficaz, não por ser descartável, mas por ser incompleta e, a meu ver, simplista. Eu acato essa soma como uma vibração latente, concomitante ao que considero o arcano tônico, mas uma latência esmaecida. Dizer que o ano passado foi o ano da Justiça, por exemplo, parece-me uma forma superficial de aplicar o tarô na análise e na observação da vida. Sim, 2015 foi um ano com inúmeras questões jurídicas, sem dúvida. Corrupção escancarada, uns poucos corruptos presos, ameaças à laicidade do Estado, indicações de impeachment etc. No mundo, tivemos as tensas questões sobre imigração, por exemplo. Mas a verdade dos fatos é que, por mais que muitos prefiram negar, tudo acabou em pizza no pretenso ano da Justiça.
O arcano VIII trata da honra, da correção, das consequências, do olhar isento e responsabilizações etc. Podemos realmente afirmar que no alegado ano da Justiça ela aconteceu? Para mim, que considero 2015 como o período cuja tônica foi o XV, O Diabo, a questão parece infinitamente mais coerente quando admitimos seus atributos evidentes: a egolatria por trás das intenções; a astúcia, inclusive na forma de lidar ou de livrar-se das sanções jurídicas; a violência nas repressões às manifestações públicas; o dinheiro astronômico dos roubos públicos, as loterias duvidosas, a dificuldade de distinguirmos entre o falso e o verdadeiro. Mas, o mais importante: a dualidade radical entre petistas e não petistas, entre feministas e machistas, entre homofóbicos e pró diversidades, entre anti-islâmicos e pró islâmicos etc. À parte a ação dos estudantes em São Paulo, que usaram seu poder pessoal de forma criativa e unidos, porém sem a perda da individualidade  – uma face luminar do arcano XV – de resto vimos muito mais a divisão e o fanatismo da radicalização. Um “racha” típico do Diabo na sua parte mais sombria, com o desafio implícito de que nos víssemos como uma tribo única, cujo inimigo é comum, em vez de nos dividirmos entre os pró ou anti, alimentando, pela separação, a força da real besta que arrocha a todos nós. Uma cizânia que é a cara negativa desse arcano e cujo resultado caótico o fez, creio, gargalhar, enquanto lixava o casco.




A partir do ano 2000, e reiterando que não posso simplesmente desconsiderar o Zero, já que ele representa meu Louco, o que percebi é que começaríamos, como humanos, uma nova etapa, espiritual e psiquicamente. O 20 inicial apresentou-se, portanto, como o indicativo dessa nova etapa: renascimento, reflorescimento etc – os atributos do Julgamento. Mas, mais importante, algo que a mim parece claríssimo nesse arcano, ele aponta a necessidade de entendermos nossas partes desconexas, integrá-las e compreendermos quem realmente somos, para podermos sê-lo, finalmente.
[OBS: Fica claro que não retroagi essa ideia a séculos anteriores, uma vez que seu sentido seria totalmente diferente. Anos do século passado, por exemplo, teriam como etapa humana o Sol, 19. Pode-se desenvolver uma tese interessante sobre isso, já que realmente foi o século da busca de sucesso, por exemplo. Porém, meu insight deu-se pela meditação do caminho da humanidade dentro do contexto do advento de um novo século e essa outra pesquisa, embora atraente, até agora não me interessou.]
Os outros números seriam a ferramenta com a qual lidar naquele período, na busca desse “objetivo do novo século”. Assim, os anos 2000, para mim, trazem os embates necessários à mudança que a humanidade necessita, se é que quer aqui permanecer. Portanto, trazem (como vem fazendo) o fim dos padrões obsoletos de economia, sexualidade, células familiares, caminhos profissionais, formas de moradia e de consumo etc. E cada ano indica, nos outros números, com qual parte (nossa, interna, arquetípica) lidar para atingirmos essa mudança. Essa tem sido minha pesquisa, que vem se mostrando regularmente coerente e coesa. Mas meu olhar é, como já disse, do micro para o macro; do indivíduo para o grupo. Essa busca de si mesmo e da fidelidade a isso importa-me mais do ponto de vista individual do que coletivo.




Na verdade, eu não dou muito peso ao arcano do ano no sentido político ou coletivo, já que escolher um único arcano como “regente” para toda a Terra, parece-me, no mínimo, um tanto prepotente. Podemos falar dos belgas e dos aborígenes usando um único denominador? Para mim, isso é um contrassenso. Posso ver no arcano tônico indicações e tendências e ele contará como um dado de importância, quando e se eu me atrever a analisar eventos em um determinado país, por exemplo. Mas penso que seria ridículo pretender que uma única carta demarque ou possa prever, real e definitivamente, todos ou quase todos os acontecimentos mundiais.
De qualquer forma, como já coloquei antes, há excelentes autores (alguns com todo o bom peso do academicismo, aliás) tratando dessas questões. Meu trabalho, minha missão, minha realização, o meu 20, enfim, é no tête-à-tête. Para mim, importa infinitamente mais auxiliar cada cliente para que caminhe em direção a esse encontro, a essa percepção de quem realmente é e, então, ajudá-lo a saber quais ferramentas utilizar nesse autoacolhimento, evolução ou libertação. Nem eu nem meu tarô acreditamos em previsões ou soluções macro, enquanto não houvermos evoluído e refinado os micros que o compõe.